quinta-feira, 2 de abril de 2009

QUEM SABE

A verdade é que sempre tive coragem
de me despedir dos grandes amores.
Um ato heróico ou uma banal fuga.
Nunca soube e acho que nunca vou saber,
mas isso não importa, não agora.

É verdade também que nunca os esqueci,
sinto saudades de todos.
Os amores, para mim, sempre foram
como uma música, que entra por cima,
aloja-se no meio esquerdo,
e faz meus pés levitarem.

Minhas melhores e piores lembranças.
Meu cinza e todas as minhas cores.
Minha pele e meu avesso.

Despedi-me como uma mãe,
que a beira do embarque de um filho,
sorri chorando, na espera do dia que ele ira voltar.

Mas como os filhos, os amores nunca voltam.
Não sei, quem sabe, acho que ninguém,
e acho que nunca saberei.

UMA PERGUNTA

Não posso dizer que não estou legal.
Que ando, cambaleando mal.
Nem tão pouco que estou indo bem,
que não ando feliz, inteiro.

Completo mesmo que ainda me falte.
É certo que isso não vai mudar,
que nada ira me faltar.
Nasci incompleto por inteiro,
com defeito, não sei ao certo.

Entre um reflexo e a real,
vou me encaixando, montando.
Às vezes chego, outras não.
Chegar e partir, sempre me perco,
não encontro se é início ou a partida,
se é o fim ou onde nasci.

Mas sigo, fazer o que. E nem quero.
Fazer para que?