domingo, 10 de agosto de 2008

NAVEGO SEMPRE

NAVEGO SEMPRE

Mesmo que o mundo me trate mal,
que as pessoas me tragam o mal,
e que os fatos me pareçam injustos,
sigo ao meu encontro.

Mesmo que meu filho parta sem ao menos deixar um beijo,
um gesto carinhoso ou um adeus,
continuo buscando a minha razão,
as minhas aflições e o meu lugar.

Devo isso aos meus pais,
a mim mesmo e por fim
a minha infinita vocação de acreditar
na vida que outrora me foi concebida.

E acumulo ao mesmo tempo, coragem e covardia,
onde encontro motivos para navegar, sempre,
em mares internos.

UM ANJO

Um anjo com uma cara
quase conhecida,
um anjo com quem troquei
poucas palavras,
a quem quase pude ajudar
sem saber, ainda,
que poderia me apaixonar.
Mas um anjo, que talvez,
nunca mais irei encontrar.

Momentos imprevistos,
um olhar que me penetrou,
que me fez sonhar e ainda sonho.
Que me concedeu, através dele,
enxergar o que num instante curto, dialoguei.

Quase firmei um pacto, mais um momento,
isso teria sido possível, teria se tornado real,
e quem sabe, me faria e me levaria
para nunca mais ter ou querer renunciar.

SIGNIFICADOS

Se olho, flerto.
Se choro, seu ombro quero.
Se sonho, é porque quero ir.
Se toco, é na sua pele.
Se falo, é pra te ouvir.
Se reclamo, é pra você sorrir.
Se sou chato, é pra você se divertir.
Se nasci, foi pra te encontrar.
Se não morri, é por que você aqui está.
Se você for, irei também.
Pra onde? Sei lá, também não sei.

Se sonho, é pra você me beijar.
E quando abrir meus olhos, nessa hora,
certamente, não vou querer acordar.

PACTO

É assim que tem que ser,
é assim que gosto que seja,
é dessa forma que construo,
me empenhando diariamente,
com desvios, mas sempre nessa direção.

Que venha as horas, os dias e os anos.
Caminho na tentativa do encontro,
do momento, do ensaio.

Entre o silêncio e o seu oposto,
procuro um lugar onde possa reclinar,
encontro, simplesmente, uma cadeira,
de onde parto, me levantando
pra poder, melhor, enxergar.

E quando em pé me encontro,
tenho a nítida sensação de poder
vencer o tempo e a tudo que não gosto,
o lado que não reconheço em mim,
e também o que mais gosto.

Por isso façamos o seguinte,
vamos nos manter sentados
todas as vezes que não possamos
dar conta, mas assim que for possível,
vamos nos manter em pé, em movimento
para que possamos enxergar melhor.

NEGRA LINDA OU LINDA NEGRA

Morena quase branca,
marrom chocolate,
brasileira meio suíça,
mistério que vai
pra poder voltar.

Lady e ao mesmo tempo chão!!

Anda através da música!!
um acústico, um violão,
uma viola, sei lá
qualquer som que lhe
conceda paixão.

É no que vê que percebe sua vida,
ou dentro da pele, perto da veia,
que encontra sua sina, seu
destino, sua cruz.

Atrevido que sou,
evoco Braguinha, e falo:
Branca é branca, preta é preta,
mas mulata é a tal, é a tal.
Quando ela bole com seus quadris,
eu bato palmas e peço bis.

ME FALA AI

Não sei se é deus que não quer me dar
ou se sou eu que não quero encontrar.
Não sei se meus olhos não querem ver
ou se sou eu que não quero enxergar.
Não sei se minha mente não entende
ou se sou eu que não posso me entregar.

Perguntas que não sei responder,
caminhos que procuro apesar do escuro,
soluções que nunca encontrei aqui,
nem tão pouco encontrarei ali.

Minha mão não pode alcançar,
ao menos que ceda,
que me permita conhecer o intangível,
o imponderável, a falta da luz.

Nasci e perambulo, ou será
que perambulando cheguei até aqui.
Qual será a razão do meu nome,
que ao pronunciado, me viro, olho e atendo.

Porque será que sou visível
quando encontro a luz.
Porque será que, mesmo embaixo
de um holofote, passo despercebido.
Porque será que quando menos quero
é quando mais tenho.

Me fala ai,
porque será?

EM VOCÊ

Entre a fumaça do arguile
e a fumaça que sempre te fez feliz.
Entre o remar pra chegar
e o deixar a maré me levar.

Diante do que sei e o que eu nuca saberei,
penso em você.

Entre os meus dias cheios
e as minhas horas vazias.
Entre a certeza do querer
e a dúvida do não saber.

Diante de mim, fujo,
pensando em você.

Entre a mais sublime hora
e o minuto que perdi você.
Entre o momento que tive você
e o instante que percebo o silencio.

Diante da sua ausência,
continuo pensando em você.

Hoje que é igual ao ontem
e semelhante ao anteontem,
pensei, penso e sempre pensarei
em você.

DESABAFO

Nos seus setenta anos percebi algo,
uma sensibilidade que minha escolha,
se pudesse, jamais faria.
Pude perceber o tempo no seu movimento,
na sua postura, algo que me assustou
e acho que ninguém foi capaz de ver.

Não pude e não posso dar conta,
não sei ao certo o que fazer,
rezar ou crer, diante desse tempo,
que vem cruel para todos nos.

Sei que o tempo foi nosso aliado,
e que agora me parece adverso,
me torna incrédulo, me faz chorar.
Sei, também, que vc estará indo,
me deixando, e como vou ficar?
Ainda não sei, mas temo!!

Vou ter que aprender algo impossível,
que me parece totalmente incompreensível,
viver sem você, logo você que me deu tudo,
que me deu a vida,
o que penso e o que devo ser.

Razão incessante do meu pensar,
da minha razão incondicional
de ser, de ter e de evoluir.
Vida que se faz pelo simples fato
de ter sido, sempre, espelho seu.

Esse tempo vai chegar, o tempo
que você deixará de existir,
me restando uma só questão:
O que fazer da vida sem você,
meu pai, que tanto amei,
que tanto amo e que amarei
pro resto da minha vida.

COMPROMETIDO

Sabe o que eu quero que o mundo saiba,
muito pouco, quando o assunto sou eu,
quando o que importa é como estou,
de onde venho e principalmente pra onde vou.

O importante, ou o mais importante,
é que estou ai, visível pra quem pode me ver,
enxergar os meus detalhes,
o que sou e principalmente o que serei.

Porque estou e sempre estarei na busca,
no encalço do que posso ser,
ter e sentir, sempre na busca da tangente,
na busca incessante do querer bem
do ficar e poder ir, deixando uma pista,
uma falha que possa me entregar,
ser encontrado e finalmente conquistado.

Cada conquista, não importando a direção,
me concede uma incrível sensação
de estar condicionando minha vida
ao meu compromisso, ao meu dever
comigo mesmo.

É sempre nesse rumo, fico e sigo
nessa estrada, que chamamos de vida,
mas que para mim não passa da minha sina,
das minhas escolhas, do meu compromisso
em ser feliz, livre e completamente
comprometido, imerso e delirante.

CERTO OU ERRADO

Se o certo é uma variável
de algo que tomamos como referência
e se as referências nem sempre
são residentes imutáveis,
onde podemos apontar para o futuro
na certeza certa desse encontro permanente.
O que de fato podemos intitular como certo.

A palavra certo me parece prima próxima
da palavra hoje, onde amanhã será ou não,
presente ou parte do passado.

Já o presente é construído por atitudes hoje,
que normalmente foram construídas por atitudes
que ficaram num tempo passado, de onde viemos,
tornando possível estar onde estamos hoje.

Diante disso, me parece prudente
respeitarmos algo maior que rótulos e costumes,
certezas e medos, dilemas e heranças,
algo mais simples e ao mesmo tempo menos palpável,
um sentimento que os covardes teimam em não respeitar.

Nossa intuição, que é prima próxima
dos nossos desejos mais reais,
é certamente o caminho mais curto de dias mais felizes,
independentes de estarem certos ou errados.

CAPAZ DE NOS GUIAR

Os pares, ha muito o universo
conspirava a favor dos pares:
Feijão com arroz,
queijo com goiabada,
Claudinho e Buchecha,
perguntas e respostas.

Porém isso já não me parece mais assim,
foi-se o tempo em que acreditava nas respostas
prefiro, hoje, me dedicar somente às perguntas.
Não existem respostas sem perguntas
mas, existem perguntas sem respostas,
existe Buchecha sem Claudinho.

Nas perguntas, reside a possibilidade
do encontro com tudo que nós paralisa,
algo que resposta nenhuma irá trazer.
É fato, o universo evolui,
nós evoluímos e hoje um par
não necessariamente é formado por dois.

Existe até a possibilidade de um par
ser formado por apenas um.
Aprendemos que a verdadeira felicidade
não está alojada na busca e sim no movimento
autêntico, sincero e focado,
onde o lugar que queremos chegar
é exatamente aquele que ainda não conhecemos
mas que o desejo, esse sim, é capaz de nós levar.

ACREDITAR

Toda marca é fruto de um momento
de uma escolha, de um movimento,
onde buscamos o que podemos,
o que devemos, a nossa história.

Saibamos viver da melhor forma
para que amanhã não tenhamos
o que não podemos dar conta,
e se não dermos, que possamos,
diante de um problema, editá-lo.

Acreditar talvez seja a palavra,
a mais justa, a melhor de todas
onde encontramos não somente
as soluções, mas principalmente
a certeza de que tudo, sempre,
se resolve da melhor forma possível.

E o possível é sem dúvida
o nosso melhor, o nosso terreno,
a nossa cerca, o limite da nossa existência,
e como a nossa existência não tem limites,
nossas possibilidades são infinitas, enquanto vivos.

E depois, e depois continuo acreditando....Acredite!!!

DELICADA FLOR

Mesmo quando dirigimos,
enfrentando a nossa estrada
e adiante seguimos,
um compromisso carregamos,
um momento, um instante cravado,
digitalizado e impresso bem fundo,
onde não temos acesso, controle
ou simplesmente poder.

O convívio nos e imposto,
a vida nós da, sadicamente,
essa missão, essa devoção.
Acho que o que ela espera
é que venhamos reverenciá-la,
respeitá-la e por fim amá-la.
Como na montanha,
que bela e maternal,
a qualquer momento ou descuido,
podemos perdê-la.

As mulheres são o retrato
mas fidedigno da vida,
lindas, mas que entre o frio
e o calor, só nos resta
uma fina flor.

TEMENDO

Acredito que as diferenças
muitas vezes aproximam,
adquirem a função
de aproximar almas distantes.
Para os que não podem enxergar
diante da visão, da escuridão,
dos medos e dos receios,
determinam caminhos
poucos palatáveis,
determinam caminhos
pouco reais,
determinam futuros que no presente
nos parecem suicídios,
que apontam, num olhar prematuro,
caminhos que não podemos ou tememos trilhar.

SIMPLES ASSIM

É verdade eu gostava de você,
eu gostava muito de você.
Mas foi antes, antes de te ter,
de te ver e poder te reconhecer.

Distante dos meus sonhos,
diante dos meus olhares
que puderam ver os seus
gestos, atitudes e sombras.

Aos meu buracos,
necessidades vitais momentâneas,
que perto das suas possibilidades,
o que deveria rolar não rolou,
simplesmente não rolou.

SE EU PUDESSE

Se eu pudesse escolher
não seria eu, não seria seu.

Se você soubesse e deveria saber,
eu, apesar de não querer ser eu,
querer você e algo que vem depois
do meu eu e do que sou.

Se eu pudesse e acho que posso,
te deixaria no meio do caminho,
te tiraria de dentro do meu coração,
da minha razão e com as minhas mãos
de daria adeus, roubava o teu chão
e de longe recomeçaria.

Mais se não for possível,
irei mesmo assim,
mesmo que, com isso, fique algo,
um pedaço, um silêncio,
um início sem fim.

Se eu pudesse não teria vindo,
não teria estado e muito menos partido.

sábado, 9 de agosto de 2008

ESCALADA

O medo, dizem, nasce da altura,
do alto mar, das enfermidades,
do imponderável, do descontrole.
Justamente o que vem depois do agora,
do e agora, que sempre vem desprovido
de uma resposta, da certeza de um porto.

Pra mim, ele vem do sorriso, do querer,
da necessidade do aceite, da permissão,
e acima e antes de tudo, de nós mesmos.
Se não sabemos quem somos, como vamos
saber algo que se parte e não faz parte
do nosso corpo, uma outra vida, um outro individuo.

Há uma enorme distancia entre estar juntos,
há uma enorme proximidade entre querer e não poder ter.
Na natureza tudo caminha de forma livre,
não há nada que possamos fazer
para determinar se vai chover ou fazer sol,
se o tempo irá passar ou nos esperar.

As relações seguem esse padrão,
como as águas que seguem seu rumo e ritmo
independentemente de qualquer ação.
Para mim você deve estar e representar
uma enorme possibilidade do querer,
onde através do seu lindo sorriso,
da sua capacidade infinita de se dar,
me permitir ser hoje o que já sou
e agregar, amanhã, algo que possa me fazer
melhor, mesmo que igual.

Por isso te peço e rezo para que você,
mesmo diante dos seus medos,
possa me deixar ser e continuar sendo
o que fomos no primeiro encontro,
que de baixo, só no nome do lugar.
Porque para mim você é uma alta montanha,
uma grande escalada, um enorme desafio.

AMOR

É incrível como o amor
é um sentimento isolado
que nos mantêm reféns
mas que não atua e nem determina
o que nos é mais caro.

Temos necessidades e deveres
que não são sujeitos a ele,
que não devem obediência
e muito menos merecem
menos atenção.

O amor vive quando
a ele nos podemos dar
a importância devida.
Temos que valorizá-lo
sem nunca promovê-lo
mais do que devemos.

É como uma jóia cara e rara
mas que deve ser
guardando com cuidado,
carinho e atenção.
Somente isso, nem um milímetro a mais.

Não deixar que ele interaja
com o resto dos nossos sentimentos,
me parece uma postura correta,
e ter a certeza que ele advém do coração,
nos da a noção exata,
que é com a emoção e nunca com a razão
que devemos encará-lo.

QUANDO VOCÊ PARTIU

No dia que eu deixei vc ir embora
eu fiquei lembrando de nos dois,
entre tremores e calmarias,
estive ancorado no meio do caminho,
no sertão agreste, na beira da paisagem,
na certeza do vazio que me restou,
na certeza do que poderia vir,
no que não vivi e não iria
mais viver, onde não estive
e nunca estarei.

É o desejo e a realidade frente a frente,
onde o meu medo é o meu maior querer.
Aceno pro que deixei partir,
rezo pro que sei que não ira voltar,
lembro do que não vivi e jamais viverei,
e a partir desse instante, não serei.

Incapaz do toque e da lembrança,
até porque, não existem lembranças que não
se consolidarão, não se fizeram real,
não se opuseram aos medos
aos delírios e a uma existência
que na realidade, não quisemos.

Através da sombra do meu querer
torto, louco e solto,
perambulando e irei te buscar,
num lugar onde poderei
encontrar o meu delírio,
os meus sentidos,
e finalmente, a minha existência.

O MEU LAMENTO

Cada um faz a sua
eu abri, eu deixei vc entrar
permiti que no meu coração vc habitasse,
que dentro dele vc desarrumasse
tudo de certo entre tantas
incertezas que eu cultivava.

A entrada era sujeita a minha deixa
já a saída, se um dia vc sairá,
caberá a vc esse movimento,
suas atenções, desleixos
e cuidados, irão determinar
quando e como será.

Não podemos determinar o futuro
mas cabe a nós o presente,
que sempre e pra sempre,
interage com o que ainda
não veio e não vivemos.

É como algo que não vemos
mas nos é próximo como um irmão.
No ar encontramos a vida,
no presente plantamos
e no futuro colhemos
o que os nosso desejos
e pais nos permitem a ter.

Eu quis e tinha quase tudo
pra te oferecer, me doe
não ter podido ir adiante,
distante da realidade,
lamento, lamentando
volto a sorrir, porque o sorriso
é algo que não me falta.

Distante de vc, que agora
aqui não está, volto a sorrir,
pois o meu sorriso, vc não levou,
Já o meu lamento, esse é todo seu!!!!

O PODER DA FÉ

Quando vc permite que roubem sua alma
no instante dessa invasão autorizada
na reação não contabilizada
no temor desejado e finalmente alcançado,
um enorme vazio repleto de olhares vc alcança,
é o seu cume e o seu perfume,
delírio agudo de um momento profundo.

É a tua sombra, tua representação,
a resposta a literatura rasa,
insana existência profana,
que perpetua nos seus,
que reside lá onde nunca vc estará.

Circula entre arestas,
sucumbe diante do que antes belo era
e agora no máximo vc pode lembrar.
E o que nos resta é a seta,
que aponta a reta que vc terá que andar,
que não vai te permitir parar.

Cambaleando ou não, terá que buscar
através de uma semelhança,
da própria sombra da existência
que ainda não nasceu
ou simplesmente não se pôde identificar.

Talvez nos falte espelhos,
talvez nos falte poder ver,
ser ou apenas acreditar.

RAIZ

Todo tempo é um tempo
que pode ser visto e sentido
através de uma ótica diferente.
Chorando ou sorrindo,
podemos, realizar, buscar
o que de dentro nasce,
onde reside quem somos,
diferente, sempre, da visão
externa, da impressão turva
que o mundo pode ter de nós.

Da minha dor surge o meu perdão,
a minha capacidade inexorável de me querer,
mesmo, como os poetas,
confuso, sofredor, mas acima de tudo
capaz de amar, de olhar um detalhe,
de sentar e chorar
pra depois voltar a sorrir.

Não posso me opor a mim mesmo,
faço parte de uma natureza maior
onde o que tenho de melhor
é justamente o que não posso prever.

Desperdiçaria minha vida
se nela passasse buscando
algo que nasceu comigo,
algo que não irei encontrar
fora de mim, que como uma raiz,
encontra-se fincado na mais profunda
camada da minha alma.

A paixão é o meu ar,
o oxigênio que me mantém
e em muitos momentos é o que me agride,
pois é na dor e na alegria
que encontro meu combustível vital
e lá que nasci e é lá que irei partir,
apaixonado, sempre,
mesmo depois do meu fim.

TEMPORAL

Foi pelo meu lado esquerdo,
de uma hora para outra,
e desse lado que tudo se refere,
o melhor e o pior de mim.
Pescoço e coração.

Uma menina, um corpo estranho,
e na mistura unilateral,
minha paz se foi.
Diante de tamanha emoção,
não pude mais delimitar
os meus desejos,
não pude mais usufruir
dos meus acertos.

Tento arrumar o que permitir
sair do lugar, me tomando,
me deixando a deriva por dias.
Meu sono, minha fome,
meu controle, tudo se foi
e agora tento promover
horas mais calmas,
onde reside toda a minha
capacidade de atuar.

Diante de horas incertas,
tento reger a minha própria sorte,
afastando o corpo estranho e
me entregando a menina
que tanto amo!!!

O INVERSO DO CIÚMES

O ciúmes para mim
é a manifestação cuidadosa
do querer bem, do gostar
e por fim do amar.

Algo que, apaixonados,
temos que pagar, cuidando,
sempre, para não ficarmos parados
diante do que na verdade,
vem consolidar o que sentimos.

Quero saborear
todos os momentos com vc,
quero mais, quero ser e te fazer única,
quero poder te ter sem ter que te prender,
quero ser seu, justamente quando vc
ao meu lado não estiver.

Continuo querendo, ou melhor,
pedindo para que deus
continue me oferecendo a vida,
através do teu sorriso,
do teu bem estar e da tua alegria.

Hoje, amanhã e sempre
vou me dedicar de corpo e alma,
fazendo disso a grande missão da minha curta e louca vida....
........amar e ser amado por vc!!!!

CARTAS JOGADAS

Eu devo e vou confessar,
apesar das aparências,
me fogem várias certezas
diante da minha vida.

Tenho um desejo,
que é ter você em cada
vitória e derrota que terei,
mas espero e me entrego
na esperança do que ainda não tenho,
na sombra singela da tua entrega e
na proximidade distante que seu
coração se apresenta.

Sinto que me fortaleço quando
você está, de corpo ou alma,
não me importa, detalhes
que não mudam o que sinto,
pois o que sinto, me pertence,
somente a mim e a mais ninguém.

UM NOVO TEMPO

Meu corpo,
começa a se regenerar.
Minhas mazelas,
desaparecem aos poucos.
Minha força,
brota de uma nascente sem tempo,
que me faz quase ter o poder de parar a vida.

Que poder é esse,
que uma mulher é capaz de ter.
Onde encontro os limites, as esquinas e
montanhas, que agora me parecem planícies,
que devo e quero percorrer.

Num andar raso,
percorro cada centímetro do que antes
eram terras distantes,
inabitáveis para o meu momento,
que agora se foi.

Posso, em tempos novos,
percorrer e marcar meu espaço,
onde vou e devo residir,
enquanto um novo tempo,
numa mesma mulher,
vier me buscar.

O TEU CHEIRO ME DEU A REAL

Existe uma grande semelhança,
algo que vejo diante de mim,
vem em busca de um novo conhecimento,
ira, sem pedir, me fazer sair de um lugar
e ir para um outro,
que conheço sem ter nunca ido,
que desejo, apesar dos meus medos e
que sempre busquei, até nas horas
em que parado desejei.
Semelhança que aproxima,
que torna sinônimo, ao que
para a maioria, são etapas.
Mas para mim, agora,
significa a mesma coisa:
Paixão e amor!!

QUANDO VOCÊ CHEGOU

O meu desejo desperta no meu corpo
diversas sensações,
que na sua maioria,
trazem um aspecto semelhante,
todas de uma certa forma
contem traços de inquietação,
umas me paralisando e outras
que me norteiam, apontando
a onde devo ir, e quero.
mas os medos existem
e não devo deixar de dar atenção
ao que tenta me paralisar
da escolha de uma musica,
a escolha de um lugar pra ir
a frase certa, a emoção incorreta
como na vida, que tenho sempre uma direção
e posso escolher uma outra,
me parece, agora, que talvez
o amor se apresente dessa forma
que como na vida
posso encarar ou fugir
abandonando o meu próprio eu
deixando escapar a minha própria vida

ENTRE SER E TEMER

O agora é rápido,

o futuro é que demora a passar,

é a diferença do que vejo

e do que ainda não vi,

do que conheço

e do que ainda virá,

da felicidade e do medo de ser feliz.

NÃO MAIS....

Não, não me explique nada
a sua explicação trará uma enorme
sensação de arrependimento,
do ato errado, do ganho da distância.

Tudo que eu mais quero ouvir
é o teu silêncio,
que me permite a conclusão,
ao meu delírio e ao meu desejo,
algo que represente a condição da escolha
do que eu quero e do que eu posso ver.

Me deixa, vai e não olha para traz
me concede a tua falta,
o meu vazio que reflete a minha escolha,
o meu caminho e o meu passado.

Vá e me permita a passagem,
transformar vc em algo que já foi,
que devo e quero relembrar,
mais nunca que venha ofuscar
o meu agora, a paisagem
que vejo diante do que olho.

Com um olhar carinhoso,
posso perceber que vc continua visível,
o que mudou foi à direção,
antes na frente, agora não!!!

Não mais.

BOCA E OUVIDO

Eu falo o que quero
e escuto o que necessito!!!!

ESCOLHAS

Bancar algo nem sempre é sustentá-la,
querer algo nem sempre é possível.
Devemos saber a hora exata do expor
e a hora do não movimento,
condição momentânea ou não, definitiva.

Podemos e devemos lamentar
mas sem perder o foco do amanhã,
das novas paisagens,
do que ainda não veio
ou, simplesmente,
do que pode voltar.

É como no mar, a vida é
cristalina e se movimenta
num vai e vem frenético,
onde a velocidade depende da lua
que determina se é hora
de acelerar ou de esperar.

DESPEDIDA

Eu queria vc, mas não pude te ter.
A paixão é mesmo assim,
pode me trazer muito,
mais tbém pode levar quase tudo.

Posso buscar motivos
pra justificar um desencontro,
mas posso tentar não racionalizar,
buscando motivos pra acreditar
que é só um desencontro que vem somar,
trazendo a busca sincera
da certeza bonita da minha vida,
mesmo que na incerteza concreta do não querer.

Necessito acreditar que serei melhor
logo após tudo isso passar,
que valeu a pena, que nunca é em vão,
que minha alma se alimentou,
que o meu dia e a minha vida
será melhor depois que vc passar.

COLHEITA

Suas escolhas são as suas chances,

suas chances são o seu futuro,

que nesse momento vc começa a construir,

construindo ou destruindo,

vc terá o que agora escolhe

e que num futuro, próximo ou não,

vai ter que colher.

PRA SEMPRE!!

O detalhe é lá
é no detalhe que está,
que reside o movimento,
a ação, o ato de acertar,
a busca pelo olhar,
a certeza de estar no lugar certo
na busca incerta,
no desejo calculado,
no instante, no que resta,
no que nos resta.
E a partir deste ponto
buscamos algo novo,
um pulo, um segundo,
um instante que insiste,
que resiste ao movimento,
ao rompante, e finalmente
ao delírio que vai nos levar,
elevando a um algo diferente,
incessante, sublime desejo
que me faz pensar
no detalhe de te amar
e nesse detalhe fico
resido e finalmente moro,
eternamente te adoro.

CANAL

Uma frase, uma pequena frase
que me toma em proporções gigantescas,
ganhando proporções humanas,
vem habitar minha garganta.

Impede que por ela passe
qualquer coisa que seja sólida,
liquida ou simplesmente minha imaginação,
que de tão fértil me domina,
me transforma e por fim me solidifica.

Terei, e não por opção,
que ultrapassar os meus limites,
algo que terá que transpor barreiras,
limites e convenções.

Desobstruindo, assim,
minha passagem vital,
de onde quase tudo entra,
de onde posso sentir o cheiro,
deixar evoluir o meu ar vital
e por fim gritar que te amo.

É isso, eu acho que te amo,
sinceramente eu te amo.
Agora eu respiro,
agora eu posso voltar a respirar.

ALGO A MAIS

Entre ter e ser, poder e querer.
Um fato é inegável, a sua indiferença,
que desde o início nunca existiu,
vem me mostrar o quanto sigo em frente,
buscando o que devo fazer.

Prescrevo diante do meu amor,
da tua inquietação o do seu desconforto,
a sensação de caminhar correto,
iluminado pelo um belo e promissor início.

Diante disso, tudo que se move,
nesse momento atraente que se apresenta,
venho oferecer você a mim mesmo,
coroando assim, a minha vida,
que antes da tua chegada,
desejei, almejei e fui buscar.

Neste turbilhão de conquistas,
você seria algo a mais,
um estar e ser perfeito,
diante de tudo que, um homem como eu,
poderia sentenciar como perfeito.

POR UM TRIZ

Estou totalmente imerso nesse caldo!

Rendido ou refratário.
Entregue ou lutando.
Disposto ou parado.
Sincero ou disfarçado.
Acuado ou atacando.
Sentado ou em pé.
Querendo ou desejado.
Amando ou sendo amado.
Pronto ou sendo preparado.
Crescendo ou criado.
Aqui ou ali.
De dia ou na noite.
Na medida ou desperdiçado.
Calado ou falando.
Ouvindo ou sendo ouvido.
Somando ou dividindo.
Lento ou rápido.
Rápido ou fora de controle.

O MEU LIMITE

O teu sorriso que precede
sempre o teu silêncio.

Penso, diante da Paulista,
todas as possibilidades,
até as que me parecem
quase impossíveis.

Remexo, revirando
cada centímetro
da minha memória,
da nossa recente história.

Seus movimentos, respostas
e perguntas, sorrisos e até
os breves olhares,
que sem aviso,
me atropelam, me aprisionando,
elevando meus pés,
me deixando, definitivamente,
a deriva e ao alcance das tuas mãos.

A verdade é que não consigo
parar de olhar para você,
mesmo na tua ausência,
onde penso e me apaixono
cada vez mais.

E o meu limite é a minha esperança,
e a minha esperança e um dia ter você.

CAMINHANDO NO ESCURO

Agora eu sinto através da minha escuta,
do meu chamado, que o meu delírio
é a minha cura.

Busco a tua presença,
que diante da tua ausência,
grito e não aceito,
te chamando sem saber se você vira.

Fecho meus olhos e te vejo,
suplico e ordeno sua chegada,
que a mim concede
o que outrora desejei.

Como ontem, que sem você,
não pude ver a mim mesmo,
sigo enxergando quase nada.

CAMINHOS DA ALMA ( Mão dupla )

Minha alma que se apresenta em mão dupla,
de onde parto e de onde posso voltar.
Relendo e aprendendo com meu inverso,
sigo buscando, sem saber,
tudo aquilo que não vejo.

E se vejo, é porque ali num canto,
ou em um buraco,
minha alma necessita encontrar.
Mesmo que para isso, essa minha alma,
necessite de uma segunda chance,
distante na ida, mas presente na volta.

O mesmo lugar em um outro tempo.
O mesmo olhar através de um outro ângulo.
No meu tempo, com as minhas limitações,
refletidas nos detalhes, que antes, não pude ver.

E que, num momento exato,
refletem o que sou,
o que quero e onde estou.

VOCÊ

Onde esta você,
que no meio da noite, me deixou.
Levou o que ainda não tínhamos,
interrompeu, de forma brusca,
o inicio, urgente, de uma relação.

Quem será você,
que me deu e me tomou,
se apresentou e se retirou,
deixando algo que não posso ter.

Que diabos é você,
que com medo, negou meu colo,
meu solo e por fim, a minha paixão.

Porque não me disse,
antes de partir, o seu desejo,
talvez uma pista, uma lista,
de onde poderia tirar
o que deveria fazer, agir
e por fim te ter.

Onde está você?

CICLOS

Por mais que eu vá, acabo ficando.
Por mais que fique, sigo sonhando.

Mesmo não querendo, desejo.
Desejando, sigo vivendo.

E se vivo, acredito.
E se acredito, continuo te querendo.

Ao querer, permaneço.
Se permaneço, e porque te espero.
Se espero, é porque te amo.

É assim recomeço,
reinventando minha vida,
os meus medos e acima de tudo,
os meus desejos.

QUESTÃO DE TEMPO

Ha momentos de confusão,
ha momentos de prazer,
ha momentos de lentidão,
ha momentos de crescer.

Existem, ainda, horas impróprias e tortas,
outras menos onerosas e libidinosas.

Temos assim, que nos mantermos retos,
com o queixo o mais longe possível do peito,
com o olhar o mais longe que vemos,
e sem perdermos, nunca, a visão dos nossos pés.

Sendo através deles, que poderemos chegar longe,
atravessar pontes e escalar montanhas,
buscando o que aqui não temos e não seremos.

REFLITO

Não é a vida que nos nega,
não são os sonhos que devem morrer,
não somos nos que não construímos,
são os ritmos que não se encontram.

Tudo parece distante, pouco provável,
amargo, cruel e pouco palatável,
onde nossas forças minam,
escorrendo diante de um esforço,
onde no tempo investimos.

A verdade é que a vida não acelera
diante das nossas expectativas.
É verdade que quem nos cerca,
tenta buscar o que a nos pertence,
quando justamente, o tempo nos favorece,
quando finalmente nos aproximamos
das nossas buscas, dos nossos sonhos.

Refletindo, seria melhor, ou único,
termos uma visão milimétrica,
focada e certeira, onde o tempo,
seria determinado pelos fatos,
e os fatos construídos por nossas
instituições internas:
Estômago, coração e mente.

Num encontro com nos mesmos,
com os nossos sonhos, ações e conquistas.

IRMÃO

A muito me movimento, parte
através da sua existência, da sua coragem.
Busco sim, uma troca que possa solidificar
o que de melhor podemos ser e ter.

Longe de querer me digladiar com você,
através de palavras corrompidas
por emoções carregadas, me sinto mal.
Perco o meu chão, minhas referências,
o meu rumo.

Te daria a minha casa, construiria a sua.
Gostaria de te ver bem,
se possível com a minha ajuda.
Seria perfeito.

Reconhecendo cada centímetro
das nossas diferenças, paro agora
na esperança de poder aproximar
o que a mim sempre foi caro,
a nossa distância.

MOTIVOS

Busco em ti a paz que me falta agora,
através do teu balanço do teu andar,
tento o regate da minha luz,
que mesmo me alongando,
não alcanço.

Reclino sobre alguns momentos,
que somados, retratam minha sombra,
que diante de uma vida longa,
não me parece, agora, que possa ser breve.

De uma piscina rasa, de um filho,
que de próximo, só encontro o meu amor.
Dos meus sonhos, onde iniciei quase tudo,
pouco me parece familiar.

Neste ciclo da vida, tento renascer
a cada instante, recriando e buscando
motivos para viver.

SENTENÇA

O teu silêncio me condena, me faz pensar.
A minha alma me conduz, me cala, me faz rezar.

Divido, separo, reparto o meu querer em camadas,
onde não alcanço o que de fato deveria fazer.

Acredito no que o meu corpo pede, te chama e me seduz,
imagens refletidas do que indiretamente projeto.

Sonhos que de tão reais, acredito,
passando de um simples desejo,
a uma condição real da minha vida.

Transito entre acreditar que o que foi dito,
assusta você, ou comove, te concedendo movimento.

Não desonero o meu querer, o meu amor,
antes mesmo de te ter, onde num delírio agudo,
aceito e tento te ter.

Primeiro do que a mim se impõe como busca,
te respeito, e aceito tua sentença.

TUDO

A vida é muito louca,
vivemos tentando nos consolidar,
o tempo passa, e nos vemos rendido, lento.
Sinto, desejo e me acho refletido na tua sombra.

Uma luz sombria me ofusca,
impede minha visão, não te encontro.
Sobrevivo me alimentando de ilusão.

Busco o entendimento exato da palavra tudo,
esse algo, essa condição mutante do meu estar.
Tenho tido a impressão exata de plenitude,
que diante de você me parece inconsistente.

Não me calo, não me acalmo, não sei as respostas.
O que seria tudo, ter o que a mim foi caro,
ou buscar você que surgiu diante de mim num instalo.

Veloz, linda, plena, distante, mas ao alcance,
talvez, das minhas mãos.
Tento entender, dialogar com o meu silêncio,
sentenciar o futuro das minhas ações,
que se fundem com o que me espera.

Você surgiu e causou, no mínimo,
um desvio no meu desejo,
que era reto e hoje é incerto.

Mas você reflete o mais lindo e puro sorriso,
que é capaz ter uma linda mulher.
E isso eu quero.

O QUE PECEDE

O que precede a luta, a dor, o orgulho.
O que faz os homens prosseguirem
diante das suas impossibilidades.
O que me concede luz.

Porque caminho sob delírios,
enxergando sobretudo, no escuro.
Dilacero minhas entranhas,
os meus antepassados, os meus amores,
o meu filho.

Vivo num presente incerto,
distante de um futuro previsível.

Não temo quase nada,
mas fujo, quando possível,
de um amor, que na sua
magnitude, nos faz enxergar de dia,
sonhar a noite e merecer um amanhã.

Quando há amor, nem sempre
há lutas, há orgulho.
Mas a dor, esta sim, sempre precederá
um grande amor.

SIGO TROCANDO

Eu era Rodolfo, agora sou Alfredo,
que não inviabiliza o Rodolfo,
que por sua vez, não sufoca o Alfredo.

Talvez esta seja a forma mais suave
de desonerar os meus defeitos,
desmistificar, tornando menos necessário,
minha reputação.
Dando-me assim, uma nova
dimensão de mim mesmo.

A troca se tornou necessária,
e terei outras chances de trocar,
que certamente poderá passar
pelas mesmas lacunas, desejos e delírios.

Seguirei trocando, ressurgindo
quantas vezes a vida me permitir.
Mas sempre com intuito de evoluir,
mesmo que, em alguns momentos,
tenha que andar para trás.

ENSEADA

A vida se expõe diante de mim,
A vida se propõe diante do meu desejo.
Distante e aflito, tão longe do meu cenário, acato.

Montando, refletindo, maquiando,
busco caminhando, e te encontro.
Remonto o meu palco a minha coxia.

Entre o poder de ter, e a sombra do pensar,
do sorriso e da lágrima, te percorro,
te querendo, te onerando.
Busca refletida na minha sombra,
fuga distanciada da minha alma.

Vivendo o momento,
me solidifico no que passou,
me consolido no que possa vir,e continuo te esperando.

BANHO DE GATO

Parado diante do teu olhar, que coberto,
cabelo caprichosamente desarrumado,
tento te desvendar, não consigo.

Busco algo que não planejei.
Sinto teu cheiro, tua respiração,
escuto muito, acho que falo mais.

Continuamos em frente.
Tento entender o que se sente,
de onde vem tamanha curiosidade
refletida nas minhas ações,
nos teus beijos e gritos,
nos meus ossos,
que não mais te pertencem.

Entre uma fala escrita e um encontro,
me pego surpreso com tua presença,
algo que ainda me assusta,
falta de controle, compreensão
ou simplesmente encontro.

Sucumbo, aceito e mais,
deliro com o coração aflito,
desejo contido, tesão retido,
banho de gato.

VERBORRAGIA

Quando a vida se apresenta ausente,
quando os sonhos procuram a distância,
quando a real busca o intangível,
o lado, olha para o lado,
direito ou esquerdo,
nem na frente, tampouco atrás,
e lá que vou estar, ombro a ombro,
na busca da presença imperfeita,
na ausência da mediocridade,
no teor mais profundo do amor,
celebrando as pequenas coisas
que possam dispersar,
tudo que e mal estar.
Vamos juntos, reto sem perder
nunca, o censo incerto da vida,
que é o que vale.
Pulemos com os olhos vendados,
unidos na presença certa
do novo, do absoluto culto
ao que deve ser cultuado,
cuidando, acariciando centímetros
de tecidos vivos, que juntos
nos fazem existir:

Pele, Coração, Pelos e Odores.

VIVO, VIVO E VIVO

Transita da roupa até a alma,
sublime estado de ser,
ou melhor, de estar.

Caminha entre subidas e planícies,
onde vemos o que ainda não se apresentou.

Variante certa que nos surpreende.
Limitações incertas,
angustias do imponderável,
visões do infinito. Eu sinto.

Pressinto a chegada da brisa,
da vida que vem me rodear,
me fazendo saborear o gosto
amargo de uma vida saudável.

Transita entre o claro e o amanhã.
Durmo acordando, acordo
sem ter dormido. Trabalho e sigo vivendo.
E vivo, vivo e vivo.

ATALHOS

Nem tudo que caminha,
a mim reluz.
Nem todo toque, na minha nuca,
me seduz.

Atrás de toda porta,
existe uma metade que se completa.
Por trás de uma possibilidade,
tem que existir uma ação.

Criamos e determinamos escolhas,
vivemos e dilaceramos sentidos,
que mudam nossas rotas,
redimensionando nossos caminhos
e criando alguns atalhos.

ALGUÉM

Na diferença de temperatura,
no vidro do carro,
desenho os olhos dela.
Olho no olho dela,
Chamo por ela.

Não encontro resposta.
Sombra de alguém que nunca esteve,
reflexo de algo que não veio,
espaço aberto que procuro ocupar.

Escolhendo nomes, suplico vidas,
recrio emoções, refaço ligações,
e sigo chamando por alguém,
e chamo por alguém,
por alguém.

SALA

Cai entre nós, à vida é uma loucura.
Numa manha, acordamos e vemos,
através da janela, o dia nublado.

No dia seguinte,
contrariando todas as previsões,
o dia nasce lindo, imponente e sábio.

Esta é a lei das marés,
que hora são turvas,
mais tarde, mediterrâneas.

A sala vazia, que precede
uma sala cheia,
vem nos falar alto.

Como o coração,
num instante, sem ações,
meia hora, repleto de emoções.

MOVIMENTO

Na busca de ser feliz,
muitos buscam a certeza do fracasso,
do imponderável, da angústia
e da falta do toque.

Qual seria das conquistas,
que de forma providencial,
viria solucionar o que almejamos,
mantendo fora do lugar
o que queremos, de fato, ser.

Se somos o que queremos,
e se queremos, porque boicotamos,
dilacerando nossos passos,
buscando nossos próprios fracassos.

Entre valas abertas
que queremos transpor,
sem se quer dar um passo
ou construir pontes, alçar vôos
ou simplesmente avançar, andar.

O que seria palpável,
quais as perguntas certas,
as emoções incertas,
os melhores caminhos.

O certo, é que em mentes contraditórias,
em vidas que transitam na contramão,
o certo é justamente o incerto,
e que, de forma alguma, devem nos paralisar.

Viva o movimento!

OCUPAÇÃO

Não deveria ser condenado,

me apaixonei, tropecei,

esbarrei com você.

Assim é a vida,

repleta de encontros

e desencontros, também.

Mais sinto, está dentro de mim,

tomando todos os espaços,

tomando posse.

Diante de tamanha ocupação,

devo e tenho que reagir,

sussurrando e se preciso for,

gritando: Que te quero,

que te espero. E se o tempo

deixar, que te amo.

MIRAGE’M

Me encontro diante da vida,
que se apresenta como ela é.
Repenso todos os desencontros,
sentindo a presença de uma mulher.

Mulher que tem nome,
que tira o meu sono,
atravessando a madrugada,
tumultuando os meus sonhos.

Penso, lembro todo tempo,
fecho os meus olhos,
não a vejo, lembranças sem rosto.
O resto, quase toco.

Desejo um filho dela, desejo ela.
Como uma miragem, vejo com intensidade,
suspirando diante da possibilidade,
de voltar a amar.

Sonhando, abro um sorriso,
temendo, sigo em frente,
procurando o instante em que meu futuro,
refletido no rosto dela,
vira me buscar.

ESCOLHAS

O teu cansaço me minou,
o teu orgulho me afasta,
a tua ira, não me interessa.
Também estava (ando) cansado.

O que a mim desperta, tua leveza.
Sublime incoerência, aberta a poucos
de inconformados e loucos.

Talvez poucos e loucos, saibam.
Talvez eu saiba a força da tua boca,
o alcance, capaz, da tua língua,
a destreza infinita da tua alma.

Qual é a distancia entre
ser ou poder ser um idiota.
Qual é o espelho que reflete
o avesso das minhas ações,
a ira mais profunda
das minhas (das nossas) intenções.

Depois de muito, tento
me colocar perto das horas mais calmas,
me afasto quando não quero,
refaço os meus elos, faço escolhas.

E neste momento, oposto daquele,
onde na tua ausência próxima, fiquei só,
te procuro e te escolho,
pedindo e esperando pela tua escolha.

EU, VOCÊ E O TEMPO

Não chega a ser um outro caminho,
talvez um outro lado,
de um mesmo caminho.
Fato que não tenho possibilidade,
ao menos agora,
de mudar a nossa realidade.

Mais busco, ou melhor,
te procuro, agarro quando deixas,
te dou e recebo quando possível,
teu amor, tua atenção.

Fico atento, mesmo que de longe,
sinto-me perto, e feito um monge,
silencioso e passivo, espero por um sinal.

Continuo a caminhar,
indo de encontro ao teu olhar,
as tuas ansiedades, que não chegam a mim,
ao menos grande parte,
que se partem nesta distância.

Eu, você e o tempo,
é nisso que aposto, que norteio
todos os meus passos.
Onde aposto, recrio e espero por você.
E quando chegares, estarei lá,
no futuro, a te esperar.

ESTRATÉGIA

Em caso de perda, respire.
Diante do amor, suspire.

Mais não caminhe,
completamente desarmado.

Limite-se ao lugar não visto,
previna-se diante do infinito,
na busca oculta do saber.

Lambe mordendo tua parceira,
diminua os espaços,
busque carinhos e abraços,
mais mantenha-se afastado
preservando o teu espaço,
o seu canto pouco visto,
aquele que não pode ser
tomado pelo mundo de fora.

E assim continue caminhando,
sem parar de sonhar,
de buscar e ultrapassar os seus limites.

Sempre, se possível for, enfrente,
mais, se preciso for, recue.

ACERTO DE CONTAS

Uma foto em preto e branco,
uma foto colorida, não importa,
é o que ela traz escondido,
o que nos remete,
o que vemos através da alma,
o que de fato importa.

Além de ser para poucos,
é fundamental, é simplesmente boçal.
As cores, muitas das vezes são artifícios,
escondem as imperfeições
para que almas menos generosas
possam sorrir.

Mais a beleza singela,
num pequeno gesto,
num olhar avassalador,
disfarçado por uma roupa simples,
um andar lindo, porem discreto,
um pé perfeito,
poucos podem ver, garimpar e finalmente tocar.

Tenho que agradecer por enxergar,
tenho que beijar meus amigos,
que aguçam minha capacidade.
Tenho que venerar o belo,
que pode não ser belo, mais me move,
me faz sentir homem, me faz acreditar,
me faz ser pai, amigo
e finalmente um bom filho.

Obrigado meu deus, obrigado Jesus.
Posso e devo reverenciar este dia,
esta hora e esta lágrima,
a minha saudade por quem está longe,
o pelo do meu corpo que tem o dom de se levantar.

Amo estar vivo,
amo poder ser eu,
amo todos que me amam,
brindo a todos , e agradeço,
simplesmente gritando,
muito obrigado meu deus.

QUEM SABE

Porque dentro do meu peito
ardem inúmeras possibilidades.
Porque dentro desta alma
reside lacunas tortas e retas,
que hora me conforta,
meia hora me confunde.

Porque não tenho respostas
quando a vida me oferece perguntas.
Porque posso enxergar,
quando o que eu mais queria,
era poder não ver.

Colocando um pé na frente do outro,
ando, às vezes cambaleando,
mais enfrento, não tenho escolha.

A muito não tenho colo,
não é de hoje que meu pé,
covarde e trêmulo,
procura, cuidadosamente, por um solo.

O que me falta e o que me sobra.
Devo puxar todo o ar que meu peito permitir,
fechar os olhos e pisar,
colocando meu pé
ao lado de um outro pé.

MATÉRIA

Sentado observo os meus temores,
que distantes não mais me fazem sangrar.

Um desejo real,
que gerou um sofrimento legítimo,
num passado que ficou.

Sentado eu você e ela,
sinto, de forma branda e contemplativa,
o que se foi.

Defino com exatidão onde não estou,
a que não mais pertenço.

Dos sonhos, restou você,do amor, este personificou você.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

JULGAMENTO

Quais as perguntas que deveria fazer,

quais as angustias que não deveria sentir,

em que direção deveria me mover,

que distância é esta que só me faz mentir.

Te escondo a verdade através da minha verdade,

te confundo, tumultuando seus passos,

para que eu possa andar.

Abro um largo sorriso, no momento

em que minha alma insiste em chorar.

Te ligo sem pegar no telefone,

te sigo, através do meu silêncio,

te recrimino e te sentencio,

me condenando, a sem você ficar.

MOMENTO

Que maravilha,

onde tudo se encontra,

onde o imperfeito não importa,

onde o belo não é o mais belo.

Por onde passa o nosso desejo,

a minha paz, o teu sorriso,

que atravessa o meu corpo,

suavizando o meu sono.

Como superar esta saudade,

ocasionada pela tua ausência,

vácuo deixado pela tua distância .

Onde encontrar forças,

para alimentar as minhas esperanças,

desfocando os medos,

consolidado o nosso amor.

SABE QUANDO

Sabe quando,

por falta de saída,

por de traz de uma faísca,

buscas covardemente uma avenida,

por onde possamos correr.

Espaço aberto,

lugares incertos.

Sabe quando,

Sozinho e no meio de muitos,

vazios no meio de nada,

fala errada em hora secreta,

que vem e decreta

o teu fim.

Provisório fim.

Sabe quando,

buscas os caminhos para

que possa retornar,

buscando carinhos para

que possa afagar, afago perdido.

Sentindo sempre o cheiro

por traz do peito.

Sabe quando,

Falas manso para que eu

possa te ouvir.

Sabes quando,

falas a distância para que

possa refletir.

Sabes quando fui embora,

Sabes, tu sabes?

DELÍRIO AGUDO

Turvo, sobre tudo no escuro.

Crivo, com uma bala o limo,

é no limo que patino e desejo

um sorriso amargo, vaga lembrança

de um lugar desconhecido.

Vadio por lacunas

que me cortam, que me sangram

e que me fazem feliz.

Dor amarga e pura,

incenso, que a minha vista

não captura.

Profundo delírio.

FERIDAS

Uma alma em preto e branco,

que caminha por de traz de um manto,

carregando a minha própria alma,

assombrando a minha fala.

Um porta retrato vazio,

que me fala e me cala diante da vida,

emoldurando o meu tempo,

dificultando os meus passos.

Num Rio como cenário,

de janeiro ao fim do ano,

vou permitindo a tua presença,

na ausência do teu retrato.

E a cada movimento, a cada olhar,

tento retratar um tempo que ficou,

um filho que mudou,

uma ferida que não cicatrizou.

TRÉGUA

Olho tua alma refletida na

sombra da tua ausência.

Choro com muita calma, na certeza

da minha total falência.

Tenho todo tempo do mundo,

tenho todo silêncio profundo,

sou ou estou surdo.

Surdez que não me deixa enxergar,

Lama, que sem água, não me deixa descansar.

Luva que só a mim alcança,

me agredindo, me sufocando.

Choro, reclamo, reclamo e choro.

Que merda, eu quero uma trégua.

Por favor, me dêem uma trégua.

Eu tenho que me dar uma trégua.

Eu vou, eu vou, eu juro que vou.

ESPELHO

Gostaria que você soubesse

o quanto eu desejo ser um pai

igual ao que você foi para mim.

Gostaria, também, que você soubesse

o quanto eu desejo e me esforço para ser um pai

igual ao que você é para mim.

Tento caminhar onde os seus pés caminharam,

tento dialogar através da sua fala,

que não se cala, e que nunca se calará.

Guardo na memória esquerda,

as minhas referências.

Hoje, neste dia, que é mais seu do que meu,

sou e serei sempre o seu filho,

reverenciando a sua vocação de ser pai

e a enorme generosidade da sua alma.

Este é o seu legado, este é o meu legado

e certamente será o legado do seu neto, meu filho.

Amo você, e me orgulho disto.

RUGAS

Um riso discreto e solto

na imensidão de um olhar

perdido e sozinho

em busca de um porto.

Uma fala que chega

antes de partir,

insano impulso que fere

a alma e a sega.

Recuo como saída

de um momento sem escolhas,

que busca repentinamente

o mesmo ponto de partida.

É no tempo que se aprende,

é com o tempo que se alia.

Vertente amarga que nos ensina,

trazendo rugas e mais sabedoria.

SERÁ?

Tanto no pé, quanto na mão,

apoiados na contramão,

sublimes e acima do vento,

onde o desejo se confunde

com a vontade de voar.

Olho o vazio a minha volta,

enxergo vários vazios

que não tem volta,

não acredito no que sinto,

no que vejo, no que ao longe toco.

E é no topo que se chega,

é lá que se deve chegar.

Será?

VOCAÇÃO

Vou ao seu encontro

e não encontro unidade

com os que , para você,

são iguais a mim.

Em um tempo onde me sinto

mais próximo de você,

minha alma destoa do normal,

padrão onde até o informal e formal.

Sinto que você percebe algo diferente,

brota um leve sorriso de quem

delicadamente não entende,

mais acho que não se ressente.

Não sei, acho, entendo e percebo

a grandiosidade do meu amor,

que transborda a minha alma,

inundando a sua , fazendo

você me amar.

Estou e sempre estarei

ao alcance das tuas mãos.

Te amo e sempre te amarei

com toda força do meu coração.

Sou o seu pai e sempre serei,

pois esta e a minha vocação.

INCERTEZAS

O que poderia ser mais determinante,

quando nos encontramos

diante da distancia de um amor perdido e

buscamos um momento menos angustiante.

Teríamos que romper

com os resquícios deste amor

sem o menor pudor,

ou simplesmente sucumbirmos

diante do primeiro tremor.

O que nos faria mais fortes,

mais tolerantes, menos insanos,

e porque não dizer,

menos humanos.

Talvez com menos razão,

não sentíssemos saudades,

e quem sabe, não tivéssemos perdas e

não sofrêssemos com tantas incertezas.

ESCURO

Buscamos de forma palpável,

procuramos em lugares visíveis,

mais é no tempo, é com ele,

é através dele que encontramos,

que podemos em fim ter paz.

São várias formas, formas diversas,

onde a calma se revela,

de onde a alma se alegra,

surgindo do movimento mais simples,

de onde, às vezes,

não há nem luz, não há nem cruz.

NA ESTRADA

É verdade e devo admitir,

nestes momentos,

eu não tenho o domínio da razão,

fico totalmente

rendido diante da emoção.

Não falo da emoção

externa, benéfica,

mas sim à que nos corrompe,

paralisa, nos leva pela contramão.

Vejo hoje, o que antes não,

percebo estas variantes

que transcendem a minha razão.

Tento entender para que eu possa,

no fim, sobreviver.

Sinto que há pequenas mudanças

dentro do meu corpo,

que rompe com fronteiras,

e transborda na minha pele,

se apresentando de diversas maneiras.

Sinto também, que devo deixar fluir,

aparando quando possível,

arestas que possam ferir

a mim ou a quem eu ame.

É verdade e devo admitir,

estou na estrada, estou crescendo,

entre retas e curvas,

sigo vivendo.

MAIS UMA

O passado refletido nas pegadas

que os meus pés iram deixar.

O futuro comprometido por uma vida

que a minha lida deixou passar.

E hoje, eqüidistante

a esses dois extremos,

sentado com a cabeça e as pernas no sereno,

olho os meus momentos guardados na estante.

Deveria eu, vencer esta inércia,

jogar fora, esvaziar as prateleiras?

Não mais cultivar, e sim fritar

tudo que me aflige, que me paralisa?

E ai que me torno otimista,

como numa escola de samba, onde o ritimista,

alegre e em movimento,

ama tudo que faz, que vê e que toca.

RECORDAÇÃO

A cada novo momento,

a cada virada de direção,

num despertar escuro e sedento,

me pego repleto de recordação.

Lembro dos portais

os quais pude atravessar,

tento recapturar antigos sinais,

que turvos, deixei passar.

Caminho sobre o meu legado,

alimentando todos os meus pecados,

que são como filhos. Porra,

como é difícil deixar os filhos.

DESTINO

Não é através do olhar,

no tempo de um piscar,

no tremer das pernas,

do suor das canelas,

que escorrem até o chão.

Não é o que deve ser,

será o que outrora foi,

e foi o que deveria ter sido,

ou então eu não deveria ter ido,

chegado ou partido.

Sempre será uma questão,

questão de tempo,

talvez perdido, talvez comedido,

mais sempre um tempo,

um tempo vivido.

PRECE MINHA

Entre a curva, o sonho e a reta.

Entre o claro, a penumbra e o breu.

Entre o futuro, o passado e o que não sei.

Onde você está?

Quero que você não derrape nas curvas,

que possa transpor os seus sonhos, e a reta?

que esta, seja em minha direção.

Quero ainda, te ver no claro,

te amar na penumbra,

e que no escuro, estejas ao meu lado.

Peço que o futuro

seja melhor que o passado,

e mais que o presente, muito mais.

E o que não sei? Que você saiba.

E se não souber? Tudo bem,

Já saberei onde você está.

MADRUGADA

Abri meus olhos e não vi você,

logo você, que invade meu sono,

derruba o meu trono,

me faz sonhar.

Porque vens de tão longe,

entre ruas desertas,

luzes discretas,

perturbar o meu sono.

Pura maldade ou impossibilidade?

Não me queres bem,

ou me queres como o seu bem?

Não sabes?

Não sabes o que quer,

não sabes porque vens,

não sabes nada sobre mim, sobre o que sinto,

se minto, se finjo ou se grito.

Não sabes nada, nada e nada.

BARULHO

Pula, embrulha, me lambe

no tanque, na lama, na cama.

Entra na minha trama,

me causa, tira a minha calça.

Saca o teu olhar, busca

a minha alma,

simplesmente me come,

se quiser me morde.

Não assopra, me deixa quente,

ferve junto com meu peito,

pega no meu feito,

embarca nessa,

me leva junto.

E no dia (momento) seguinte

Vá, mais deixa uma pista,

para que eu possa ao menos desejar,

e se for o caso, te encontrar.

AMANHECER

Indiscutível razão pela qual vivemos,

plenitude, desejo de um querer,

busca, arrumação para te ter,

inquestionável motivo para se viver.

Transcende o que não nos paralisa,

acolhe todos os bons sentimentos,

nos torna aptos de fato a viver.

E no início do dia, ao nascer do sol,

penso em você, que como o sol,

inicia sempre que chega,

tornando claro tudo que vê.

E se assim de fato for,

serei sempre as manhas do teu sol,

imóvel para que você possa iluminar,

atuante para que você possa me amar.