terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Inveja branca e invertida


Gosto da vida,
Das manhas, das tardes
E das noites.

Tenho o olhar atento,
Dentro desses tempos,
Para a hora que o sol se põe.

De forma rápida e perigosa,
É no pôr do sol
Que a natureza troca a guarda.

Podendo, dessa forma,
Tudo acontecer.
Não há guardas, não há regras.

É o dia que fica.
É a noite que chega.
É o imponderável que se apresenta.

Invejo a coragem da dor concedida,
Quase sempre nessa fração de tempo,
Pelos grandes compositores.

Sobretudo do samba de alma negra,
que fazem dessa dor,
E dessa troca de turno,
Seu momento de anarquia.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Momento de desequilíbrio

Desequilibrei, eu sei.

Perdi meu prumo.

Sai do eixo.

Me desorganizei.



Estado que me faz perder,

o que tenho de melhor:

O meu olhar, olhar meu.

De me olhar. Me desvendar.

domingo, 2 de dezembro de 2012

Catarse hidrográfica


Quando o silêncio explode.
Diante do véu rasgado,
E dos sonhos dilacerados,
Surge, no meio de tudo,
A ausência.

Afiada e cortante,
Pulsa forte na via inversa,
Bate de fora para dentro.
O coração que respalda a vida
Bate dentro, impulsiona fora.
Bate saudável, bobeia vida.

E na insistência do silêncio
Da ausência do som, da vida
Correm como rios,
Emaranhados de rios,
Que insistem habitar
Minha face.