quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

Sobre amores, ciclos e elementos.

Choro porque como água deságuo,
e se queimo em fogo, lembro e apago: sou ar e posso ser silêncio.
Já silenciado me conecto, como terra, e broto em um nutrir em ciclos sem fim, que passam por mim.
Me alimenta.
Agua, terra, fogo e ar
- ou aprendia arrimar minha vida através dos meus intransferíveis “danos” reais,
ou me sobraria apenas dramaturgia, ficção.
Uma ponta de algo maior, eu não queria.

quarta-feira, 11 de setembro de 2019

Boot.

Sinto
que vivo numa espécie de experimento,
ainda assim inevitável.
Aprendi
que é mentira o que não é atração,
e que tem gente que reinicia a gente, assim, do nada.
Penso
que tudo é coisa antiga,
uma segunda chance, de uma outra forma.
E que é amor
só quando prova que o tempo é ilusão
e todo o resto, bobagem.

Definitivamente, cabem vidas numa vida.

quinta-feira, 5 de setembro de 2019

Pulsação arterial_

Quando sua energia sussurra
no ouvido da minha,
provocando um elevado número de contrações,
num pulsar quase mudo por minuto (bpm),
do meu coração.

quarta-feira, 4 de setembro de 2019

Vale dos desperdícios

Mas quem não sente
é como quem não sabe
como quem quer crer
querendo ver
São olhares assustados
que acabam por temer
verdades protegidas no conforto
íntimos cercados
Não recalculam rotas
Não são livres
Não deixam o tempo passar pelo corpo
não se tornam fluentes
Um olho
que teme tudo aquilo que não é imagem
é um olho cercado

domingo, 1 de setembro de 2019

Filho

A ilusão
do tempo dividido,
misturado pela face
que nos assemelha.
Traços que começam em mim,
mas só terminam nele.
É o passado,
o presente e o futuro
vivendo em um monte de lugares
ao mesmo tempo.
Sem fim.

quinta-feira, 15 de agosto de 2019

A força da arte.

“Vinha eu fatigado”,
como diria Olavo Bilac,
“de repente, não mais que de repente”,
como diria Vinicius,
minha versão da Ponte Sobre Uma Lagoa de Lírios de Água, de Monet.
Por minutos me vi em Giverny,
na França de 1899,
e eu era um pintor.
Dos bons.
Depois segui,
como escritor mesmo,
“jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas”.
Como o Mario fazia.
Foi quando percebi
que “só ando em boa companhia”,
resfolegado continuei para encerrar,
com o Toquinho,
meu dia.
Apenas por minutos.

segunda-feira, 29 de julho de 2019


Reza do dia.
Vento: Pastor das nuvens
- eu não tenho asas pra voar,
nem sonho nada que não seja de sonhar.
Sou um homem simples.
Tenho luz, carrego cruz e canto.
Eis-me aqui,
sabotando o obscurantismo,
me nutrindo de Mario Quintana e Flávio Venturini,
cultivando em mim a alegria, a arte.
A revolução.
Amém Lira Neto