domingo, 10 de agosto de 2008

DESABAFO

Nos seus setenta anos percebi algo,
uma sensibilidade que minha escolha,
se pudesse, jamais faria.
Pude perceber o tempo no seu movimento,
na sua postura, algo que me assustou
e acho que ninguém foi capaz de ver.

Não pude e não posso dar conta,
não sei ao certo o que fazer,
rezar ou crer, diante desse tempo,
que vem cruel para todos nos.

Sei que o tempo foi nosso aliado,
e que agora me parece adverso,
me torna incrédulo, me faz chorar.
Sei, também, que vc estará indo,
me deixando, e como vou ficar?
Ainda não sei, mas temo!!

Vou ter que aprender algo impossível,
que me parece totalmente incompreensível,
viver sem você, logo você que me deu tudo,
que me deu a vida,
o que penso e o que devo ser.

Razão incessante do meu pensar,
da minha razão incondicional
de ser, de ter e de evoluir.
Vida que se faz pelo simples fato
de ter sido, sempre, espelho seu.

Esse tempo vai chegar, o tempo
que você deixará de existir,
me restando uma só questão:
O que fazer da vida sem você,
meu pai, que tanto amei,
que tanto amo e que amarei
pro resto da minha vida.

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