terça-feira, 22 de setembro de 2009

BATENTES

Atravesso um estreito corredor.
Abro mão de parte de um pouco, tudo.
Percebo a ausência permitida,
autorizada pela minha consciência.

Sigo caminhando, deixando pelo caminho
alguns pensamentos, coisas que me apeguei.
Medos que nascem mais rápido que minha percepção.
Continuo caminhando em um corredor
sem paredes, sem teto e sem limites.

Perco e me acho para depois, voltar a me perder.
Percebo-me e me visito, e ao fazer isso,
descubro a existência de portas,
portas sem batentes, já que sei que não há paredes.

Mas não me perco, sei o lugar onde estou.
Sei de onde estou vindo,
e que no final vou estar bem.
Só não sei aonde e nem com quem.

Um comentário:

Unknown disse...

Filhote poeta,
Repito aqui o que já disse por e-mail: esta poesia é linda, adoro, mas sinto uma certa nostalgia quando a leio. Acho que não só pela sensibilidade que nela enxego, mas, principalmente, pela grande dose de melancolia nela contida. E aí está, acredito, a origem do sentimento que me invade: a incerteza de que meu filho seja um homem feliz. Pelo menos neste momento. Que o finalzinho dela seja um presságio: "Sei de onde estou vindo, e que no final vou estar bem. Só não sei aonde e nem com quem." E, do mais fundo de mim, que você chegue aonde deseja, ao lugar em que será feliz, acompanhado de alguém que ame, e que lhe devolva este amor com a mesma intensidade.
Beijos, meu flho caçula.