sábado, 1 de março de 2014

O que não nasce da morte?

A saudade veio me visitar
Bateu na minha porta
Invadiu minha casa nova
Ainda insiste em me assombrar

Traz velhos e distantes momentos
A vida que já não é mais minha
Um amor que deixou só pó
Em chão de boiadeiro

Dos céus que foram nossos
Dos sorrisos bem próximos
Das rezas do Senhor do Bonfim
Dos lamentos e encantos sem fim

Desde que percebi desejar salvar
Somente aquilo que só a mim pertencia
Transformando todo o resto em fruto
Tento o encontro equilibrado e possível

Mas já não largo a mão da morte
Quero ir com ela. Estou e(m) parto
Acabei farto
Já não me encontro mais aqui

Tentei unir dois mundos
Em vias tão desiguais
Derrubar seus muros
Com coragem, invadir seus escuros

Doce engano
Éramos como a morte
Tínhamos passado, teríamos futuro
Não fomos capazes de ser presente

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